3 de fevereiro de 2011

Mais uma vez ela reina


Já falei algumas vezes sobre a importância e a revolução que a Internet tem feito. São diversos os exemplos de como esta rede pode modificar o comportamento.

Hoje queria usar os últimos acontecimentos no Egito (e também em outros países ao redor) para continuar falando sobre a influência do “www” e toda a tecnologia envolvida. Mas antes é necessário entender o que acontece naquela região.

Entendendo a crise
A crise, que tem sido foco dos principais noticiários do mundo, teve início na Tunísia, onde um jovem se sacrificou em nome da liberdade naquele país.

O Egito, conhecido por uma das maiores civilizações antigas, é o país do mundo árabe com a maior população: são cerca de 80 milhões de pessoas que vivem em meio a dois desertos (Saara e do Sinai) e que rodeiam o Rio Nilo (e dele se sustentam). Mas é um dos mais pobres: cerca de 40% da população vive com menos de US$ 2.00 por dia.

Por ficar no Oriente Médio, entre a África e Ásia, é considerado um aliado estratégico para o Ocidente. Perto de grandes países produtores de petróleo, como Israel, é aliado dos Estados Unidos (recebe dos norte-americanos ajuda militar e financeira de mais de US$ 1 bilhão). Além disso, tem o controle do Canal de Suez, porta de ligação entre a Europa e a Ásia, por onde 7% do transporte marítimo do mundo passa.

Na política, o país é comandado pelo ditador Hosni Mubarak há trinta anos. Seu filho é considerado o sucessor direto nas eleições marcadas para Setembro deste ano (a data, nos últimos dias, foi alterada para, de acordo com discurso de Mubarak, o primeiro semestre).

O governo Mubarak enfrenta grandes opositores: de um lado, a Irmandade Muçulmana (braço ligado ao Fundamentalismo Islâmico, radical, que prega a religião acima de qualquer coisa). Do outro, democratas e pró-ocidentais liderados pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz Mohamed El-Baradei.

Para tentar frear a manifestação, o governo demitiu todo o ministério e trocou o primeiro-ministro, colocando o antigo ministro da Aviação (isso foi estratégico: os militares egípcios estavam debandando para o lado da população). Também aplicou Toque de Recolher e proibiu o uso da internet e de celular (o Google, por meio do Twitter, criou o SpeakToTweet: um programa que, por celular, as pessoas podem mandar uma mensagem de voz que é publicada na rede social).

O turismo foi afetado: as pirâmides foram fechadas e alguns museus, que guardam importantes acervos da humanidade, foram depredados. Os turistas que estão por lá tentam sair a todo o custo com a ajuda das embaixadas de seus países de origem.

A Economia não ficou de fora da crise: o barril do petróleo, embora o Egito não seja um grande produtor (apenas 680 mil barris/dia), chegou a custar mais de US$ 100.00 (maior nível desde 2008). Motivo? O Canal de Suez.

Acompanhar este momento histórico é preciso. Torcer para que a Democracia possa ser instaurada é o básico que podemos fazer de tão longe. Mas vamos voltar ao centro deste post: a Internet. Se você observar, a rede mundial aparece no texto acima algumas vezes.

Indiretamente com as informações (nem tudo que escrevi estava na minha cabeça. Grande parte tirei da Agência de Notícias AFP) e diretamente com o SpeakToTweet.

Precisamos bater palmas para os jovens egípcios: foi por meio da internet que eles se reuniram para pedir por Democracia. E o movimento parece-se muito com o que aconteceu, por exemplo, na época em que Michael Jackson morreu. Na ocasião, jovens de todo o mundo marcaram por meio das redes sociais uma data para, em locais públicos e vestidos de zumbis, homenagearem o astro da música pop com a coreografia de Thriller.

Entendeu aonde quero chegar? A velocidade com que as pessoas conseguem digitar e enviar suas mensagens é tão rápida do que qualquer outra estratégia. Se antes existiam os mensageiros que corriam quilômetros para levar informações e documentos de uma cidade a outra (foi assim que o Atletismo nasceu), agora a internet faz a vez.

Assim também é com a informação: quem imaginaria assistir às imagens de celular em telejornais como o Jornal Nacional (que sempre foi visto como impecável em sua parte técnica e de imagens)? Que assistiríamos a qualquer coisa, ao vivo, pelo computador ou televisão em qualquer parte do mundo? (por exemplo: hoje de manhã vi alguns minutos, ao vivo, da praça do Cairo tomada pela internet por meio da página do canal MSNBC).

Alguns especialistas dizem que esta crise no Oriente Médio se agigantou em tão pouco tempo justamente por causa da internet: antes de tudo, uma revolução digital sem precedentes.

E precisamos saber lidar com isso: são tantas ferramentas, inovações a cada minuto, que ficamos desatualizados todos os dias. A bagagem informacional também é gigantesca: parte de cada um procurar as melhores fontes que não apenas jogam dados, mas que possam uni-los para um entendimento melhor. Não é porque o atual cenário acontece longe de nós que não devemos ficar por dentro.

Se antigamente a internet era um luxo, hoje é essência. Se tempo é dinheiro, estar na internet de algum modo e contribuir para que ela cresça e compartilhe democraticamente as informações e conhecimentos, é fundamental.

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