11 de fevereiro de 2011

Enfim, a Democracia

Praça Tahrir, centro das manifestações contra a ditadura

O Egito, e com certeza seus faraós e pirâmides, estão em festa. O grito uníssono “Egito está livre!” e “O povo derrubou o regime!” de milhares de pessoas ecoou em todos os cantos do país com a renúncia do ex-ditador Hosni Mubarak.

Com uma página no Facebook com a mensagem "Egito merece um futuro melhor. No dia 25 de Janeiro nós mudaremos nosso país. Ninguém irá no deter se nós estivermos unidos. A população jovem devem se manifestar agora", os egípcios uniram-se e em poucas horas dispararam centenas de mensagens com locais de encontro para manifestação.

O movimento foi tão grande que 18 dias depois, no coração da revolução, a praça Tahrir, a população venceu 30 anos de ditadura, pleno poder, sem direito a um vice. Para você ter uma ideia, Mubarak estava no comando do país, quando o Brasil era governado por Figueiredo e Ronald Reagan era presidente dos EUA.

Ontem, 10.02, ele já havia passado parte de seu poder ao vice-presidente Omar Suleiman (situação que fez com que a população fosse para frente do Palácio Presidencial e da Tv Estatal). Com o discurso de hoje do vice (que pode ter saído do governo também), agora quem assume é o Estado Maior das Forças Armadas.

O ministro da Defesa Mohamed Hussein Tantawi, em nome do exército, é quem assumirá os próximos passos do país, incluindo aí a questão das eleições de Setembro (que agora podem ser adiantadas de acordo com a Constituição que diz que, após o afastamento do presidente, eleições devem ser convocadas em até dois meses) e o processo de redemocratização.

Mas a questão Egito não é a única do mesmo gênero. Ela apenas solidifica um processo importante em todo o Oriente Médio. A saída de Mubarak tornou-se a segunda ditadura a ruir na região em menos de um mês. Ainda no dia 14 de janeiro a Revolução do Jasmim levou o ditador da Tunísia, Zine el Abidine Ben Ali, a abandonar o país, em meio ao movimento que se alastrou para outros países, causando protestos na Mauritânia, Argélia, Jordânia e Iêmen.

É importante observar agora todo o caminhar do Egito, porque este país era a ponte de ligação com o Ocidente (lê-se Estados Unidos) na questão da pacificação e também em questões econômicas, como o caso do Canal de Suez. Em troca, cerca de US$ 1,3 bilhões eram destinados como ajuda aos egípcios.

Nós brasileiros, que vivemos um período ditatorial, só temos que nos felicitar com nossos irmãos egípcios. A queda de um poder injusto e cruel só faz aumentar a esperança de que o mundo ainda tem condições de se tornar um ambiente tranquilo e harmonioso, em que as pessoas possam se confraternizar sem pensar em barreiras geopolíticas, econômicas e sociais.
                                                                   

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