14 de abril de 2011

O poder da mente humana - Caso de Realengo

Há uma semana o Brasil e o mundo sofria junto às famílias de Realengo. Este crime inédito (uma palavra que tem conotação boa, mas olha aonde pode ser usada!) no país resultou em 12 crianças mortas e dezenas de feridas (física e psicologicamente, o que é bem pior). Mas, mais importante do que isso, é a dor e a dificuldade de voltar à rotina normal.


Nestes últimos dias a imprensa noticiou o crime de diversas formas (até o Wikipedia, site colaborativo em que qualquer pessoa pode acrescentar informações sobre um tópico de pesquisa). Todos os possíveis ângulos foram tratados. Ficamos por dentro de tudo. O bom da informação pluralizada em diversos meios de comunicação, e aqui puxo sardinha para o lado de meus colegas de profissão, é o aprofundamento, a possibilidade de discussão. Houve excessos.  Muitos focaram na desgraça, em imagens que não precisavam aparecer na nossa sala de estar, na mesa de refeição, no computador.


Mas sempre tem o outro lado. E neste caso o lado bom foi o debate sobre o aspecto piscológico de Wellington: quais as causas sociais, pessoais e mentais que levaram um jovem de 24 anos cometer uma barbaridade contra aquelas crianças?


Na RGB Comunicação, onde trabalho, cuido desde que entrei como estagiário da Escola Caminho Suave / Colégio Villa-Lobos, onde são atendidas crianças do Berçário até o Ensino Fundamental. Lá desenvolvemos a Assessoria de Imprensa, em que sou responsável por alimentar o site com as atividades da escola.


Com o tempo construí certa amizade com as secretárias e com as donas, principalmente a Marina, que é diretora do Ensino Fundamental. Às vezes, quando ela está mais livre, terminamos nossa reunião e batemos um papo.


Tento focar no mundo da Educação. Afinal, estou ao lado de uma pessoa com mais de 30 anos de experiência nesse digno e árduo trabalho e recentemente, com a Pós-Graduação, também tenho contato com professoras. Pois bem: hoje Marina e eu conversamos sobre as implicações do antes e do depois dessa tragédia no Rio.


Cartaz distribuído nas escolas
Quis saber dela quais as atitudes tomadas no ambinte escolar. A partir daí uma conversa muito interessante se iniciou e que ultrapassou a questão do Bullying (que há um pouco mais de um ano vem sendo tratado na imprensa – destaque para o programa Altas Horas que mostrou uma série de reportagem sobre o assunto pelo mundo – e que foi a “bola da vez” neste caso).


Percebi durante a conversa que este aspecto não é o único. Existem outros fatores: desde a separação dos pais (um trauma por natureza que pode se converter em algo pior dependendo de como é conduzida a situação), a educação que se recebe em casa (Uma coisa é certa: a ideia de que é a escola quem deve cuidar da educação integral das crianças é passado. Educação é um conjunto do que se aprende dentro e fora dela) até casos de preconceito mesmo (a Marina falou uma coisa que eu nunca havia pensado: os uniformes diminuem prováveis focos de preconceito, pois iguala a imagem dos alunos).


Conclusão: o ser humano é uma teia muito complexa. Nosso cérebro é quem nos controla de tal forma que acabamos nos comportando, às vezes, de forma inversamente proporcional ao que aprendemos.


São os detalhes da vida que, no futuro, nos proporciona momentos agradáveis ou não. É a famosa “agulha no palheiro” que, a princípio, a gente não encontra, mas depois de algum tempo, ela vem e espeta nosso dedo. 


Daí vem à questão dos relacionamentos humanos: como são complicados! Como que, mal usados, podem transformar negativamente (na maioria dos casos) uma garoa em uma tempestade. E por isso que a Filosofia e a Psicologia deviam ser estudadas em toda a vida. Só a partir do entendimento destas duas ciências que conseguimos desvendar algumas coisas que habitam nosso cérebro e que nem sempre conhecemos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Matheus!
Bem democrático seu texto. Acredito que bom sendo,palavrinha tão faladanos meios sociais e profissionais, anda meio esquecida na educação q pais dão a seus filhos. A liberdade sem ética e responsabilidade traz gdes dissabores como os vistos na imprensa estes últimos tempos. Pais eduquem moral, religiosa e responsavelmente seus filhos, impondo limites qdo necessários para um futuro de PAZ...bjus

Anônimo disse...

Corrigindo 2. parágrafo: bom senso

Eli disse...

Olá Matheus!
Ótima obs sobre a educação, pois isto interfere e muito nas nossas atitudes e decisões quando adultos. De repente esse rapaz enfurecido que cometeu estes crimes, tb foi uma vítima no passado da falta de responsabilidade dos pais, escola e outros fatores que podem contribuir para formação de uma personalidade conturbada. Por isso temos mesmo que alertar sempre que possível e ficarmos tb sempre alertas para que possamos conviver numa sociedade com mentes maldosas que não nos permite viver a verdadeira liberdade. Parabéns por mais esse post muito útil à sociedade. Bjs Eli

Anônimo disse...

Texto espetacular, Matheus.

Um monstro foi criado e o que ele fez, claro, foi uma monstruosidade. Fico impressionada quando analiso o q a mente desse rapaz foi capaz de planejar e executar. Tantos detalhes na realização de algo tão absurdo... Tanto empenho para realizar o mal...

Uma família equilibrada, um ambiente escolar acolhedor e relações sociais adequadas fazem toda a diferença na vida. Provavelmente teria feito na dele.

Beijos.